sexta-feira, março 21, 2008

Anúncio faz ressurgir Ordem dos Templários


2008/03/21 00:12

E pedido ao papa que restaure a Ordem com os seus deveres, direitos e privilégios

Quase 700 anos depois da sua dissolução no Concílio de Vienne (França) em 1312, a lendária Ordem dos Cavaleiros Templários ressurgiu das trevas da História de uma forma insólita, com um enigmático anúncio num diário britânico.
Segundo a agência EFE, desde aquele concílio, os Templários pareciam ter-se esfumado da face da Terra até terça-feira, quando o diário The Daily Telegraph publicou um grande anúncio com um título chamativo: «A ANTIGA E NOBRE ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS».
O aviso, divulgado precisamente quando se cumpriam 694 anos da morte de Jacques de Molay, celebra a decisão que o Vaticano tomou no ano passado de divulgar o denominado «Folio de Chinon», um pergaminho descoberto em 2001 nos Arquivos Secretos do Vaticano.
Fechado em Chinon (França) em 1308, esse documento prova que o papa francês Clemente V (1264-1314) absolveu o Grão-Mestre dos Templários e seus seguidores, mas Felipe IV da
França ignorou-o e conseguiu que o Concílio de Vienne decretasse a dissolução da ordem em 1312.
O anúncio, que ocupa quase toda a página 19 do periódico, adianta que os templários vão pedir ao pontífice Bento XVI que «restaure a Ordem com os deveres, direitos e privilégios para o século XXI e os vindouros».
Ordem quer organizar reunião mundial para renovar a sociedade
Anima ainda «os grupos templários e os companheiros de armas de todo o mundo» a porem-se em contacto com a Ordem para organizar «em devido tempo» uma reunião com o fim de renovar essa arcaica sociedade.
O aviso inclui a suposta direcção da Antiga e Nobre Ordem dos Cavaleiros Templários no ocidente de Londres, uma morada que - segundo o diário The Guardian - corresponde à empresa de contabilidade Sloane & Co.
A misteriosa ligação entre a Ordem e os contabilistas justifica-se pelo facto de Sloane servir, ao que se julga, de representante oficial da organização de benemerência «Fundação dos Cavaleiros Templários», que figura igualmente no anúncio.
O anúncio publicitário do grupo dos monges-guerreiros está em duas páginas de Internet (www.theknightstemplar.info y www.theknightstemplar.org.uk) e numa direcção de correio electrónico (infor@theknightstemplar.info).
Abrir uma caixa de Pandora?
Não parece fácil, contudo, que o Santo Padre aceda à petição dos Cavaleiros Templários, já que a restauração da Ordem dos Templários «poderia abrir uma enorme caixa de Pandora», advertiu o teólogo e historiador Martin Palmer.
Na opinião de Palmer, isso poderia acontecer, por exemplo, se os modernos templários reclamassem os direitos sobre as propriedades que a Igreja confiscou há quase sete séculos.

Sociedade medieval de carácter religioso e militar
A também chamada Ordem do Templários foi uma sociedade medieval de carácter religioso e militar fundada em 1118 em Jerusalém por nove cavaleiros franceses, com o guerreiro Hugo de Payens à frente. A Ordem surgiu com o objectivo de proteger os peregrinos cristãos e defender Jerusalém, cidade reconquistada depois da primeira cruzada (1096-1099) contra o domínio muçulmano.
Os monges-guerreiros converteram-se durante quase dois séculos em donos de castelos, terras e mosteiros de toda a Europa e Terra Santa, assim como nos banqueiros mais fiáveis do Medieval. Todavia, este poderio eclipsou-se a 18 de Março de 1314, quando o último Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay, morreu numa fogueira montada num cadafalso numa ilha do rio Sena en Paris, depois de ser torturado juntamente com os seus lugares-tenentes.
O Grão-Mestre sofreu assim as iras do rei Felipe IV de França (1268-1314), o maior devedor dos templários, que decidiu em 1307 confiscar-lhes as riquezas e acusar os seus membros de práticas heréticas e imorais. Por essa razão e obviando esse «Folio de Chinon», Felipe IV conseguiu que o Concílio de Vienne dissolvesse a Ordem.
JF

quinta-feira, março 13, 2008

segunda-feira, março 10, 2008

Texto de Guerra Junqueiro - Pátria - 1896

Texto de Guerra Junqueiro - Pátria - 1896
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

sexta-feira, março 07, 2008

Cargos públicos: PS contra bastonário


2008/03/07 11:06

Marinho Pinto defendeu um «sobressalto cívico» dos cidadãos para com os detentores de cargos públicos

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O porta-voz do PS, Vitalino Canas, desvalorizou esta sexta-feira declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados sobre justificação pública do património de titulares de cargos públicos, considerando que ele pode ser consultado pelas autoridades e pelos cidadãos em geral, noticia a agência Lusa.
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, defendeu quinta-feira, na Figueira da Foz, um «sobressalto cívico» dos cidadãos para com os detentores de cargos públicos, exigindo que estes justifiquem publicamente o património que possuem.
«Para isso mesmo existem declarações de rendimentos feitas pelos titulares de cargos políticos e cargos públicos, declarações essas que são depositadas no Tribunal Constitucional que são públicas e podem ser objecto de controlo não apenas pelas autoridades competentes mas também pelos cidadãos em geral», afirmou Vitalino Canas, comentando as declarações de Marinho Pinto.
O Bastonário da Ordem dos Advogados, intervindo num debate sobre corrupção realizado no Casino da Figueira da Foz, dissertou sobre situações diversas, que nomeou sem especificar, envolvendo autarcas, deputados e ministros, frisando que os cidadãos «têm de ser exigentes e exigir explicações» como primeiro passo para combater a corrupção.
«Tenho muitas dúvidas sobre pessoas que foram ministros e hoje ocupam lugares de destaque em algumas empresas. Não digo que actuaram ilicitamente ou contra os seus deveres, mas era bom que se fosse ver o que fizeram nessa altura [quando no Governo]. Mas não, tudo fica coberto por um espesso manto de silêncio como se estivéssemos a falar de segurança nacional», sustentou.
«Por que é que o Parlamento não faz investigação a deputados que sempre exerceram funções públicas, começaram sem um tostão no bolso, e acumularam milhares em património?
Não estou a dizer que são corruptos, quero é saber como», inquiriu o Bastonário.
Em declarações esta sexta-feirs à agência Lusa o porta-voz do PS salientou que «a possibilidade de haver essa investigação já está contemplada na lei, pelo menos no que diz respeito em haver essa confrontação entre patrimónios no início e no final do exercício de mandatos».

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Crime violento «subiu» desde Agosto


2008/03/07 08:41

Maria José Morgado admite «tendência» comparando com outros anos

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Maria José Morgado admitiu esta quinta-feira, em declarações ao jornal diário Correio da Manhã, que foi «constatada uma tendência, desde Agosto, para o crescimento de fenómenos violentos, na qualidade, comparando com anos anterior. Um facto que nos está a preocupar», afirmou.

A procuradora esteve reunida quinta-feira com a Polícia Judiciária, a PSP, o DIAP e o Ministério Público.
O encontro destas entidades serviu para definir objectivos de coordenação entre as polícias e o Ministério Público no combate à criminalidade violenta e organizada.

Após este encontro onde se aprovou uma «espécie de guião de procedimentos», Morgado explicou ao Correio da Manhã que «o objectivo é alcançar maior celeridade para assegurar um clima de segurança e paz social». O roubo agravado e o carjacking estão entre os fenómenos que mais preocupam as autoridades.

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terça-feira, março 04, 2008

Tráfico de armas «incontrolável»

Tráfico de armas «incontrolável»
Cláudia Lima da Costa

Nos últimos dois meses, oito pessoas foram baleadas mortalmente. Armas têm livre passe dentro da Europa e não há quem ponha travão. Em território nacional, há armas de guerra, transformadas ou de caça: baratas e à mão de semear Delinquência juvenil «diminui» Armas «marcam espaço nos bairros excluídos»

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O ano de 2008 começou com duas mortes trágicas causadas por balas perdidas em tiros de festejo. Um prenúncio de um ano em que as ondas de violência parecem não ter fim. Nos últimos dois meses, pelo menos oito pessoas morreram ao serem baleadas e 16 foram feridas. O acesso às armas de fogo está no centro da criminalidade violenta.
O descontrolo no tráfico de armas em Portugal não é segredo. As autoridades assumem o combate ineficaz: «No que respeita ao tráfico de armas, apesar do desmantelamento de pequenas redes ilegais de comercialização de armas, persiste a actuação de estruturas criminosas, de origem estrangeira, que se enformam de um elevado grau de sofisticação e apresentam uma oferta de produtos bastante diversificada», lê-se no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2006.
Fonte policial explicou ao PortugalDiário a razão do «controlo do tráfico de armas» ser ainda uma «utopia»: «Com ausência de fronteiras o combate é muito difícil». A legalização de armas em Espanha ou França «é mais fácil», por isso, «qualquer pessoa pode adquirir uma arma e chegar a Portugal sem que seja detectado».
Também o secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel Carvalho, reconhece que o tráfico de armas é «praticamente incontrolável», sendo que «é muito difícil entrar» no mercado negro, lembrando que muitas das armas «são fabricadas Europa», o acesso é barato, e que a actuação das polícias depende sempre de mandados judiciais.
O responsável adianta que apesar de não existir uma explicação para a sucessão de seis crimes violentos numa semana, na grande Lisboa, está «preocupado» com a «utilização da arma a disparar para matar».
«Ninguém tem 200 armas em casa»
A proliferação de armas ilegais em Portugal deve-se também ao «desarmamento dos países de Leste». «As próprias máfias e o tráfico de droga controlam o mercado», disse. «Um problema que não é só nosso. É de todos os países ocidentais. Controlar este mercado é uma utopia», explicou um investigador policial.
Depois da entrada em território nacional, a «caça às pistolas» não se torna mais fácil. «A investigação faz o percurso inverso ao percorrido pelas armas, mas ao chegar a um suspeito, este não é «burro» para ter 200 armas em casa. É detido, mas a pena é curta e imediatamente o espaço que tinha no mercado é ocupado por outro», adiantou a fonte.
Transformadas
Para além das armas de guerra - como metralhadoras, usadas com mais frequência nos assaltos a carrinhas de valor -, em Portugal, uma das mais comuns é a 6.35mm. Em muitos casos era apenas uma pistola de alarme que foi transformada. «Existem mais de 62 mil mecânicos capazes de o fazer», disse o investigador.
As armas de caça também entram nestas contas. Com um universo de mais de 200 mil caçadores, em que cada pode possuir várias armas, «é fácil perceber o perigo». As espingardas de caça não estão directamente associadas aos assaltos, no entanto, desempenham um papel trágico nos casos de violência doméstica. Durante o ano de 2006, foram registados 36 casos de utilização de armas de fogo e 30 de armas de caça em situações de violência doméstica, segundo o RASI.

Apesar de não haver estatísticas fiáveis, as armas ilegais já foram estimadas em 770 mil, o mesmo número que as armas legalizadas no nosso país. Fontes policiais contactadas pelo PortugalDiário admitem porém que este número será muito maior, variando entre os dois e três milhões de armas. Em 2006, as autoridades no seu conjunto, recuperaram quase três mil armas.
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