sábado, novembro 29, 2008

Conselho de Ministros - 27 de Novembro de 2008

Conselho de Ministros - 27 de Novembro de 2008 - MM 28/11/2008 -
Decreto-Lei que procede à reorganização judiciária das comarcas piloto do Alentejo Litoral, Baixo Vouga e Grande Lisboa Noroeste, dando concretização ao disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 171.º da Lei n.º 52/2008 de 28 de Agosto (Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais – LOFTJ)

Este Decreto-Lei vem concretizar a nova Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais (LOFTJ), criando, assim, as condições para que, em 14 de Abril de 2009, sejam instalados e possam iniciar o seu funcionamento, as três comarcas piloto da reforma do mapa judiciário: Alentejo Litoral, Baixo Vouga e Grande Lisboa Noroeste.

Em todas as comarcas piloto foram cumpridas as linhas fundamentais da reforma do mapa judiciário: (i) uma resposta judicial num nível médio de especialização que esteja, simultaneamente, próxima das populações, em especial no que respeita à média e pequena criminalidade e à média e pequena litigância; e (ii) uma resposta judicial com um elevado índice de especialização centralizada nos grandes centros populacionais.[...]

quinta-feira, novembro 27, 2008

Justiça 2008-11-27 00:05

Justiça 2008-11-27 00:05

Maria José Morgado quer grupo de elite para combater crime económicoMaria José Morgado diz que é preciso maior especialização para quem ataca crime económico.
Susana Represas com LusaMaria José Morgado defende a criação de “um pequeno grupo de elite que se especialize e actualize permanentemente” no combate ao crime económico. A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP), por onde passam alguns dos processos de crime económico mais complexos, diz ainda, respondendo ao Diário Económico, que “é essencial que o grupo tenha parcerias internacionais e acompanhe o que se faz nos outros países”.
Numa altura em que a criminalidade económico-financeira voltou ao topo da actualidade, com a detenção do ex-presidente do BPN, José Oliveira e Costa, são vários os magistrados que reclamam uma maior especialização por parte dos responsáveis pela investigação destes crimes em Portugal.
A directora da Procuradoria-geral Distrital de Lisboa reconhece que “os magistrados são preparados para lidar com todo o tipo de crime, mas estão mais preparados para trabalhar com o crime comum e, eventualmente, menos preparados para trabalhar com o crime de colarinho branco”. Em declarações ao Diário Económico, Francisca Van Dunem lembra que são casos de elevada “tecnicidade” os que lidam com as áreas “financeiras, fiscal e imobiliária”.
A responsável pela coordenação do Ministério Público no distrito judicial de Lisboa, sustenta que se “temos uma boa preparação e um bom apetrechamento no combate a outro nível de crime, é indiscutível que para estes crimes, as autoridades de investigação têm capacidades mais reduzidas”.
Mas para a procuradora a repressão desta criminalidade também assume contornos delicados: “Há aqui um factor importante, quando se lida com o crime da rua, lidamos com aquilo a que se chama de marginalidade, quando se lida com o crime de colarinho branco está-se a lidar com um segmento que é o segmento da normalidade”.
De facto, Oliveira e Costa é o primeiro banqueiro português apanhado pelas malhas da justiça, e está preso pela alegada prática dos mais graves crimes económicos: branqueamento de capitais, burla agravada, fraude fiscal.
Van Dunem não acha que exista uma presunção de inocência em relação a quem ocupa estes cargos, mas tendo em conta o poder social e económico de quem lidera o sector financeiro, “não se espera que cometam crimes”.
Daí que, cada vez que se torna público um caso que envolva um ‘colarinho branco’ “há um choque”. Cândida Almeida, que tem em mãos alguns dos casos mais mediáticos de crime-económico - Operação Furacão, caso Portucale e Freeport - também não se cansa de alertar para a necessidade de investir mais no combate a este crime. Até porque, tal como insistiu em declarações recentes ao Diário Económico, “corrupção e burla, são crimes muito difíceis de provar”.
Fim do segredo de justiça volta a ser criticadoMaria José Morgado, um dos rostos mais visíveis do combate à criminalidade económica, voltou a alertar para as dificuldades na investigação destes crimes.
A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP) esteve esta semana num debate organizado pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (Sedes), sobre corrupção.
Morgado destacou a “sobreposição de dados”, a diminuição dos prazos do segredo de justiça e a legislação “dispersa”, como os “constrangimentos à investigação destes crimes complexos.
Dificuldades, disse, que “não servem a prevenção nem a investigação”. Desde logo porque a sobreposição de dados do Ministério Público, dos tribunais e da Polícia Judiciária, “são dados inertes que não servem para nada”, frisou.
Como alternativa a esta gestão dos dados, a procuradora-geral adjunta defendeu o “cruzamento” de informação “para detectar os comportamentos anómalos por trás dos quais se encontram crimes como fraudes”.
Quando aos novos prazos para o Ministério Público investigar em segredo, Maria José Morgado diz, apenas, que “este regime não durará muito tempo”. A legislação dispersa também é um obstáculo e a magistrada insiste que o quadro legal para estes crimes “não é dissuasor” e, quem o pratica, “não sente o risco de ser condenada”.
Os casos - A Operação Furacão investiga esquemas de branqueamento de capitais com recurso a sociedades ‘offshore’ e falsificação de documentos. O processo está no DCIAP e já tem mais de 200 arguidos.- O DCIAP também está a investigar o caso da compra de dois submarinos enquanto Paulo Portas foi ministro da Defesa.
Estão em causa suspeitas sobre o paradeiro de 30 milhões de euros que terão sido utilizados para pagar comissões.- As alegadas irregularidades no BCP, durante a administração de Jardim Gonçalves, também estão a ser investigadas pelo DIAP. Em causa, a utilização de ‘offshores’ para compra de acções próprias. - Os casos de alegada corrupção na câmara de
- A Operação Furacão investiga esquemas de branqueamento de capitais com recurso a sociedades ‘offshore’ e falsificação de documentos. O processo está no DCIAP e já tem mais de 200 arguidos.
- O DCIAP também está a investigar o caso da compra de dois submarinos enquanto Paulo Portas foi ministro da Defesa. Estão em causa suspeitas sobre o paradeiro de 30 milhões de euros que terão sido utilizados para pagar comissões.
- As alegadas irregularidades no BCP, durante a administração de Jardim Gonçalves, também estão a ser investigadas pelo DIAP. Em causa, a utilização de ‘offshores’ para compra de acções próprias.
- Os casos de alegada corrupção na câmara de Lisboa estão nas mãos do DIAP, mas os processos mais mediáticos ainda não chegaram a tribunal.

Faltam meios para controlar inquéritos


Maria José Morgado encomendou um estudo à Agência para a Modernização Administrativa, do Governo, sobre o DIAP de Lisboa. Falta de espaço, sistema informático precário e desmotivação dos funcionários são algumas das falhas apontadas.

“Quando a queixa é apresentada pelo denunciante, não é possível prever um prazo para o fim do inquérito.” A conclusão é dada pelo relatório “Diagnóstico e Reformulação do DIAP de Lisboa”, a que o DN teve acesso.
“O controlo de prazos é dificultado uma vez que não existe nenhum mecanismo de controlo de prazos eficiente”, denuncia o documento.
O estudo foi encomendado por Maria José Morgado, e é da responsabilidade da Agência para a Modernização Administrativa, órgão afecto à Presidência do Conselho de Ministros.
Este pode ser o primeiro passo para a reforma da organização do Ministério Público que está a ser preparada pelo Procurador-geral da República. Contactado pelo DN, o gabinete de Pinto Monteiro assume que essa reforma está em curso mas que, por agora, não quer prestar mais comentários.
Como se esperava, o panorama não é animador. O relatório assume desde logo que a falta de comunicação directa entre o Instituto de Medicina Legal e as entidades hospitalares provoca a dilatação do período de investigação dos processos. Isto porque acaba por ser o DIAP de Lisboa que “perde” tempo a servir de intermediário entre as duas entidades.
Segurança física dos magistrados posta em causa, falta de controlo na entrada de pessoas nos edifícios, falta de condições para as inquirições - que muitas vezes leva a que as vítimas de abusos sexuais, incluindo crianças, sejam obrigadas a testemunhar num espaço onde circulam outros funcionários e visitantes - são algumas das falhas apontadas.
Mas o grupo de trabalho apresenta uma solução: aumento dos recursos humanos. É que à falta de pessoal junta-se um elevado nível de faltas ao trabalho dos funcionários.
A desmotivação dos funcionários é uma realidade e daí o elevado absentismo”, pode ler-se no documento. Resultado dos métodos de trabalho complexos e manuais, regista-se também um aumento do “erro humano e perdas de documentos”.
Outra das falhas apontadas, mais do que uma vez, é o eterno problema dos meios informáticos. Sendo o DIAP a entidade que articula a comunicação entre os vários órgãos de polícia criminal, seria expectável um mecanismo de comunicação imediata.
Porém, “verifica-se que os sistemas informáticos e os manuais não estão articulados de forma eficiente e eficaz”.
E o sistema informático, o que existe, não é sequer explorado na sua potencialidade máxima, uma vez que a informação não é inserida, por completo, na fase inicial.Para isso, o relatório assume a necessidade de uma desmaterialização dos inquéritos.
Inquirições sem privacidade
As inquirições são realizadas nas próprias secções, não havendo condições ou privacidade para esta actividade”. A existência de dois edifícios provoca constrangimentos na organização do DIAP de Lisboa.
Muitas das vezes, os queixosos de crimes contra a integridade física, como ocaso de violência doméstica ou mesmo de abusos sexual de menores, são ouvidos numa sala onde circulam outros funcionários do DIAP. O que causa constrangimentos nos depoimentos.

As mudanças propostas pelo relatório
Criação de índice por processo de inquérito criminal, organizado por facto, de forma cronológica.
• Inserção de informação no sistema informático, a montante, com informação completa da queixa.
• Aumento dos recursos humanos para atendimento presencial.
• Criação de grupo de intervenção para o arquivo.
• Criação de salas de audiência com condições adequadas especialmente para menores, no âmbito de abusos sexuais.
• Integração do Sistema Informático do DIAP com queixa electrónica.
• Criação de open spaces nas secções com maior número de funcionários.
Futura estrutura passa de 15 para 7 secções de processos
Especialização é a palavra de ordem nesta proposta de reestruturação do DIAP de Lisboa. Por isso, e segundo a proposta apresentada pelo relatório, as actuais 15 secções passam para uma estrutura onde é criada uma secção “generalista”, denominada de secção de processos genéricos que vai abarcar as actuais 7ª,10ª,11ª e 12ª.
A juntar a essa secção generalista, surgem seis especializadas.Dessas seis, a 1ª secção não muda de competência.
Da 2.ª à 4ª passam a estar incluídos os vários tipos de crimes desde os crimes económicos e financeiros aos homicídios e negligência médica.
Na 5ª secção - que corresponde às actuais 4ª e 10 ª - passam a estar incluídas as investigações dos crimes cometidos contra e praticados por agentes de autoridade e os crimes estritamente militares e cometidos dentro das unidades militares.
A 6ª secção, que corresponde à actual 13ª, terá a competência dos inquéritos simplificados e alguns homicídios específicos.
Esta proposta inclui ainda a criação de uma Central de Notificações, uma equipa de Competitive Intelligence e um Contact Center.
A Central de Notificações é atribuído o expediente relativo a óbitos, crimes cometidos por agentes desconhecidos, expediente relativo às restantes secções e a emissão de certidões.
A equipa de Competitive Intelligence vai ser composta por um grupo de magistrados técnicos de Justiça. Na dependência directa da direcção do DIAP de Lisboa, terá como responsabilidade fazer uma análise da evolução criminal e criar novos métodos de investigação criminal.
Orientar os métodos de investigação do DIAP de Lisboa e manter a actualização permanente a novos métodos de trabalho assim como antecipar eventuais fenómenos de índole criminal são algumas das competências desta nova equipa.
Já o Contact Center terá como competência o atendimento telefónico do DIAP de Lisboa e esclarecimento de dúvidas sobre processos de inquérito.
Objectivo?
Reduzir o tempo no esclarecimento de dúvidas em cada uma das secções.

Maria José Morgado diz que «actual sistema não combate a corrupção económica»

A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal considera que os prazos mais curtos do segredo de Justiça são um dos entraves à investigação. Maria José Morgado entende que deste modo o sistema não consegue combater a corrupção económica.

A magistrada esteve, na terça-feira, presente numa conferência sobre corrupção no âmbito dos crimes económicos, onde garantiu que são necessárias várias mudanças no actual sistema para conseguir combater a criminalidade económica.

Maria José Morgado considera que neste tipo de criminalidade é fundamental ter um sistema eficaz de «cruzamento de dados e informação para detectar comportamentos anómalos», sob pena de serem conhecidos demasiado tarde ou mesmo nunca.

A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal acrescentou ainda que o actual sistema põe em causa o Estado de direito, caso o sistema repressivo não seja aceite para combater a corrupção e garante que este sistema tem os dias contados.

«Com este regime do código do Processo Penal não é possível investigar com êxito a criminalidade altamente organizada, nomeadamente no crime económico», justifica a magistrada.

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DIAP de Lisboa tem várias falhas


A Agência para a Modernização Administrativa considera que o DIAP de Lisboa tem diversos problemas.
Segundo o Diário de Notícias, entre as falhas apontadas neste relatório pedido por Maria José Morgado estão a segurança dos magistrados e a falta de condições para as inquirições.

A Agência para a Modernização Administrativa apontou diversas falhas no funcionamento do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, noticiou o Diário de Notícias.

Num relatório pedido pela magistrada Maria José Morgado, esta agência assinalou problemas ao nível da segurança dos magistrados, uma vez que não controlo na entrada de pessoas nos edifícios do DIAP.

A falta de condições para as inquirições é outro dos problemas apontados, já que, em muitos casos, as vítimas de abusos sexuais, incluindo crianças, são obrigadas a testemunhar num espaço em circulam outros funcionários e visitantes do departamento.

Este documento fala ainda na existência de um sistema informático deficiente que serve este departamento, uma situação que é grave, uma vez que compete ao DIAP articular a comunicação entre os diversos órgãos de polícia criminal.

O absentismo, adicionado à desmotivação que reina em alguns funcionários do departamento, aumenta o erro humano no DIAP e à perda de documentos, adianta este relatório, citado pelo Diário de Notícias.

O relatório, que defende que a estrutura passe de 15 para sete secções de processos, alerta ainda para as falhas de comunicação entre o Instituto de Medicina Legal e as entidades hospitalares.

Esta situação ajuda a aumentar o tempo de investigação de processos, uma vez que é o DIAP que tem de servir de intermediário entre as duas estruturas.

O documento sugere ainda que uma forma de combater os problemas existentes no DIAP passa pela aposta no aumento dos recursos humanos.

quarta-feira, novembro 26, 2008

Oficiais de justiça alertam para risco de prescrição



O Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) exigiu esta quarta-feira mais formação e melhores condições de trabalho para os funcionários dos tribunais e alertou para o risco de prescrição de vários processos crime «por falta de quadros», noticia a Lusa.

«As condições de trabalho são efectivamente importantes e é aqui que nós entendemos que devemos focalizar a nossa acção; compreendemos o estado que o país atravessa, por isso as nossas exigências passam por mais formação e melhores condições de trabalho», disse o presidente do SOJ, Carlos Almeida, em conferência de imprensa.

De acordo com Carlos Almeida, a formação «deve ser valorizada» de modo a que «pudesse ser considerado como requisito de ingresso uma licenciatura».

O presidente do SOJ frisou que oficiais de justiça e magistrados são, neste momento, vítimas de «uma lógica de funil».

Falta de 1200 funcionários
Nas contas de Carlos Almeida faltam actualmente 1.200 funcionários judiciais e o Ministério da Justiça é alvo de crítica por «apostar nas movimentações feitas ao abrigo de uma discricionariedade que é legítima, mas destituída de critérios objectivos».
O presidente do SOJ estabeleceu um paralelismo entre o número de funcionários e o número de polícias que, segundo o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ingressarão no próximo ano nas forças de segurança.
«Hoje em dia é referenciada a falta de polícias quando, quase à pressa, há uma promessa de que entrarão mais polícias e temos que perceber o seguinte: entrando mais polícias vão, efectivamente, obter mais resultados e obviamente serão mais processos, mas quando esses processos entrarem nos tribunais não estarão lá os oficiais de justiça e os magistrados para lhes darem resposta», alertou.
«Estamos numa lógica do imediato e daqui a cinco, seis anos, vamos obviamente ter situações às quais os tribunais não poderão dar uma resposta», acrescentou.
Carlos Almeida afirmou que «a médio prazo se perspectiva o aumento do número de processos prescritos».

PORTUGAL DIÁRIO 24.09.2008

terça-feira, novembro 25, 2008



Ministério Público: Novo mapa judiciário obrigará a adaptação dos DIAP e a "equacionar problemas" - PGR
21 de Novembro de 2008, 14:46

Lisboa, 21 Nov (Lusa) - O Procurador-Geral da República (PGR) defendeu hoje que os Departamentos de Investigação e Acção Penal (DIAP) terão de se adaptar às modificações impostas pelo novo mapa judiciário, sendo necessário "equacionar os problemas que advirão".

"O novo mapa judiciário irá provocar alterações, designadamente na organização dos Departamentos de Investigação e Acção Penal. É necessário equacionar os problemas que advirão e as modificações que se impõem para, tempestivamente, se proceder às alterações necessárias", disse hoje o PGR, Pinto Monteiro.

O PGR falava, em Lisboa, durante a cerimónia de posse da nova directora do DIAP do Porto, a procuradora-geral adjunta Maria do Céu Oliveira de Sousa, não tendo, no entanto, especificado a que problemas e modificações se referia.

O Governo decidiu testar o novo mapa judiciário - que levará a uma reorganização dos tribunais - a partir de 05 de Janeiro próximo em três comarcas-piloto: Baixo Vouga, Grande Lisboa Noroeste e Alentejo Litoral.

Pinto Monteiro defendeu, por outro lado, a necessidade de os magistrados que procedem às investigações acompanharem os casos em julgamento.

"São esses magistrados que, obviamente, estão mais preparados para em julgamento tomarem as posições mais esclarecidas e correctas, já que são eles quem melhor conhece o processo", sustentou.

Para Pinto Monteiro, "é preciso colocar nos lugares certos os magistrados certos, procurando evitar-se situações de clara inaptidão para lugares que se ocupam não por vocação ou qualificação, mas tão somente por uma comodidade que os regulamentos não permitem alterar", sendo necessário "distinguir entre o mérito e o demérito, premiando uns e censurando outros".
"É necessário colocar o Ministério Público ao serviço dos cidadãos e não de outros interesses", declarou.

Durante a sua intervenção, Pinto Monteiro defendeu que, se a criminalidade violenta e complexa constitui o núcleo duro de investigação do DIAP, a pequena criminalidade não deve ser esquecida, sob pena de um aumento do sentimento de insegurança e de impunidade.

"O fim das bolsas de impunidade que alguns teimam em, directa ou indirectamente, defender, deve constituir uma das prioridades do Ministério Público", sublinhou Pinto Monteiro.

"Todo o crime deve ser investigado", declarou o PGR, que acrescentou que "um crime é sempre um crime, independentemente da punição que a lei lhe der".

No final do discurso, Pinto Monteiro elogiou a procuradora que hoje tomou posse, referindo-se a Maria do Céu Oliveira Sousa como uma "magistrada dialogante e de elevada qualidade".

Maria do Céu Oliveira Sousa vai substituir Hortênsia Calçada na direcção do DIAP do Porto.

No jantar de despedida do cargo, ocorrido há dias, Hortênsia Calçada destacou a "equipa fabulosa e extraordinária" com quem trabalhou, tendo ainda dito que sai levando "muita saudade".

Quanto ao mal-estar provocado pela nomeação de uma equipa do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), dirigida pela procuradora Helena Fazenda, para a investigação dos crimes associados à noite do Porto, no processo "Noite Branca", Hortênsia Calçada sustentou não "guardar mágoa", tendo ficado "tudo resolvido".

A 07 de Outubro, Pinto Monteiro propôs para o DIAP do Porto a procuradora-geral adjunta Maria do Céu Beato Oliveira de Sousa, tendo sido aprovado o seu nome por unanimidade.

IMA/LYL/JGJ.
Lusa/fim

segunda-feira, novembro 24, 2008

Procurador para inquérito e julgamento reúne consenso

PATRÍCIA JESUS LEONARDO NEGRAO-ARQUIVI DN
PGR defende que magistrado acompanhe
processo até ao final.

O Procurador-geral da República (PGR) quer que os procuradores que lideram as investigações acompanhem os casos em julgamento, sobretudo nos casos complexos - uma medida que recolhe consenso na classe.
Na tomada de posse da directora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, Pinto Monteiro defendeu que os procuradores que participam na fase de inquérito "estão mais preparados para em julgamento tomarem as posições mais esclarecidas", já que conhecem melhor o processo.
O advogado João Correia, membro do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), considera que esta medida "responsabiliza quem vai a tribunal pelo que fez e pelo que não fez durante a investigação", acrescentado que vai funcionar como "um estímulo à própria" advocacia."
É bom que haja boas acusações para haver boas defesas. Só os melhores irão a tribunal e isso é salutar para todos e sobretudo para o cidadão", conclui. "Não ser o mesmo procurador é entregar logo de bandeja 25% do processo à defesa", diz o juiz desembargador Eurico Reis. "É impossível pôr todos os pormenores no processo e o procurador que vai fazer a acusação fica desarmado frente à defesa".
Para o juiz desembargador não existe nenhuma razão lógica para esta medida não ter acontecido há mais tempo, a razão que existe é ideológica. Por isso, Eurico Reis prevê que o Procurador-geral encontre "obstáculos enormes".António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) acrescenta que acompanhar todo o processo permitirá aos procuradores usar a experiência de julgamentos anteriores para melhorar a investigação e construir casos mais sólidos.
Por isso, "é preciso que isso seja a norma" e não a excepção à regra, defende. Para o presidente do SMMP, a divisão entre investigação e julgamento acontece porque "a estrutura organizativa do MP está assente na divisão entre as fases processuais" - "um erro que tem produzido insucessos".
O procurador-geral adjunto Euclides Dâmaso revela que o DIAP de Coimbra já aplicou este modelo em quatro casos, mas considera que "não há condições" para aplicá-lo sistematicamente, devendo ser reservado aos casos mais complexos. Cluny diz também que o CSMP tem "a capacidade de, através de regulamentação, ir introduzindo essas experiências".
João Correia, que é também vogal do CSMP, reconhece que aplicar esta medida implica uma reorganização da estrutura interna de uma parte do MP e que o Conselho "terá uma fortíssima palavra a dizer". "Vai ter de absorver rapidamente [as palavras do PGR] porque estas não podem cair no vazio".
Para Euclides Dâmaso, o papel do CSMP passa sobretudo pela gestão de meios, já que esta medida implicará o recrutamento de pessoas com experiência e vocação em número adequado.

terça-feira, novembro 11, 2008

Justiça já gastou 8 milhões em edifícios vazios


Rendas pagas em quatro meses equivalem
ao custo anual dos 25 organismos a transferir
2008-11-06
CLARA VASCONCELOS e PAULO MARTINS, in JN

Seis meses depois, segundo apurou o JN, os custos ultrapassam os oito milhões de euros.A transferência dos serviços só começa este mês e, segundo garantiu ao JN fonte do Ministério da Justiça, em Dezembro haverá apenas dois organismos instalados nos edifícios do Parque das Nações, propriedade da Norfin: a Direcção-Geral da Administração da Justiça e o Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça.

Ao longo do primeiro semestre do próximo ano serão transferidos os restantes 23 organismos, na sua maioria tribunais (o da Boa Hora incluído), conservatórias e Registos e Notariado.

O contrato entre o Ministério da Justiça (MJ) e a Norfin foi celebrado em Junho e terá sido acordado o pagamento de uma renda mensal de 1568 mil euros para utilização dos nove edifícios do chamado Office Park. Nesse primeiro mês, o MJ pagou dois milhões de euros, o que, segundo fonte do gabinete de imprensa, terá correspondido ao mês de renda e ao mês de caução, previsto em qualquer contrato de arrendamento.
No mês seguinte, foram pagos mais dois milhões de euros. E a partir daí, o milhão mensal contratualizado. Em Setembro, apurou o JN, a verba ascendia já aos seis milhões. Se se manteve o pagamento mensal de cerca de um milhão, então, nesta altura, o MJ terá já gasto mais oito milhões de euros.

Contactado pelo JN, o Ministério da Jutiça não apresentou justificações satisfatórias para este segundo pagamento de dois milhões de euros. O gabinete de imprensa refere a caução paga no primeiro mês e um atraso na apresentação das facturas por parte da empresa, que obrigaria ao pagamento a dobrar do valor mensal do arrendamento no segundo mês.
Isso, porém, totalizaria cinco milhões de euros em quatro meses e não os seis milhões que o JN sabe que foram pagos entre Junho e Setembro. O Ministério diz também que foram suportadas obras de adaptação dos edifícios, mas não quantifica, afirmando que as mesmas estão diluídas nos pagamentos das rendas.

Apesar da insistência, o Ministério não disponibilizou o contrato com a Norfin, onde todas estas questões poderiam estar esclarecidas. Bem como o prazo estabelecido para entrega dos edifícios. Informação fundamental, uma vez que esse foi um dos critérios que levou à escolha daquele local e não de outros.

A Deloitte, empresa que procedeu ao estudo das vantagens e desvantagens dos locais possíveis para instalação do campus da justiça de Lisboa, aponta o facto de se tratar de edifícios já construídos ("chave-na-mão") como uma das oportunidades do Office Park, ao contrário das alternativas cujo prazo de conclusão seria mais alargado.
A localização e acessibilidades, bem como as características do próprio espaço são outras das vantagens referidas. No novo Campus da Justiça haverá, segundo o estudo da Deloitte, mais salas de audiências e salas de espera para testemunhas, o que não acontece na maioria dos tribunais que para ali vão ser transferidos.
Haverá também uma sala de alta segurança e um posto da polícia, como actualmente no tribunal da Boa Hora. Apesar dos 12, 5 milhões de euros que o Estado vai pagar por ano (quase o dobro do que paga actualmente), haverá poupanças da ordem dos 15% nos custos de funcionamento.

Em quatro meses meses, o Governo gastou mais seis milhões de euros com o futuro Campus de Justiça de Lisboa. Praticamente o mesmo que gasta, por ano (6,8 milhões) com os 25 organismos que ali pretende instalar .