terça-feira, novembro 08, 2005

os insultos do ministro da justiça, por Drº vasco Lobo Xavier

«Chegou a nossa vez, estava a ver que não.

O Ministro da Justiça já tinha insultado os magistrados judiciais, os do
Ministério Público e, quanto aos advogados, nada!

Uma ferroada aqui, um latido acolá, mas morder com força que se visse, a
fazer sangue, nada!Para colmatar essa falha, esse provável esquecimento,
veio agora o Ministro da Justiça acusar os advogados de não fazerem,
relativamente aos que se socorriam do apoio judiciário, uma defesa
"decente".

A TSF, que parece continuar a pagar-se em suaves prestações, traduziu
carinhosamente para uma defesa "de qualidade" mas o que o Ministro disse
efectivamente foi que os advogados não faziam uma defesa "decente".

O insulto preocupa-me pouco pois era o que mais faltava eu admitir ser
avaliado por alguém que da justiça parece ter a insólita ideia de que a
mesma se obtém com conversinhas de pé de orelha nos gabinetes dos juízes (ou
provavO insulto apenas interessa para uma vez mais demonstrar que este
governo (e, em particular, este Ministro) não sabe governar de outra forma
que não seja ofendendo as pessoas e acicatando pequenos ódios entre os
grupos ou classes, hostilizando a população contra cada um deles, à vez.Ora
é contra os médicos, ora é contra os juízes, ou contra os militares, os
enfermeiros, os professores do secundário, os farmacêuticos, os funcionários
públicos em geral, enfim...Só falta disparar contra os jornalistas (a
primeira tentativa foi rechaçada por dois editoriais de José Manuel
Fernandes, no Público, e o governo guardou cautelosamente a caçadeira), os
professores universitários (lá chegará a sua vez de serem insultados como
preguiçosos e obrigados a permanecer nos seus gabinetes universitários,
ficando assim impedidos de permanentemente se passearem em comentários pelas
televisões, jornais e blogues) e os deputados à AR (estes devem ficar para
último, alimentados até ao fim com as migalhas que sobrarem do bolo).elmente
com telefonemas diversos, na linha do que se passou há tempos quando um
deputado foi detido).

Admitisse eu conselhos de pessoas deste tipo e qualquer dia estaria
certamente a colocar a hipótese de ofertar aos magistrados belíssimas
cabecinhas de equídeos para ornamentar as cabeceiras dos seus leitos.

..

O insulto apenas interessa para uma vez mais demonstrar que este governo (e,
em particular, este Ministro) não sabe governar de outra forma que não seja
ofendendo as pessoas e acicatando pequenos ódios entre os grupos ou classes,
hostilizando a população contra cada um deles, à vez.Ora é contra os
médicos, ora é contra os juízes, ou contra os militares, os enfermeiros, os
professores do secundário, os farmacêuticos, os funcionários públicos em
geral, enfim...

Só falta disparar contra os jornalistas (a primeira tentativa foi rechaçada
por dois editoriais de José Manuel Fernandes, no Público, e o governo
guardou cautelosamente a caçadeira), os professores universitários (lá
chegará a sua vez de serem insultados como preguiçosos e obrigados a
permanecer nos seus gabinetes universitários, ficando assim impedidos de
permanentemente se passearem em comentários pelas televisões, jornais e
blogues) e os deputados à AR (estes devem ficar para último, alimentados até
ao fim com as migalhas que sobrarem do bolo).

..

O insulto é naturalmente imbecil, como tem sido a actuação permanente deste
Ministério da Justiça. Estou completamente à vontade para o afirmar porque
não faço patrocínio oficioso e portanto a ofensa não me afecta directamente,
apenas como parte integrante do círculo de advogados portugueses.

O insulto é estúpido, porque certamente assenta no que sai da cabecinha do
Ministro dado que desconheço qualquer estudo que lhe possibilite proferir
semelhante afirmação (a não ser que se refira àquele género de "estudos
secretos" que o governo socialista apregoa ter, como o das férias judiciais,
os da OTA ou do TGV).

O insulto é principalmente enganador, porque quer fazer crer que o apoio
judiciário aproveita aos advogados. Ora o apoio judiciário interessa às
pessoas que a ele recorrem, por necessidade. Ao diminuir as verbas afectas
ao apoio judiciário (e nem me interessa agora perceber como ele o irá
fazer), o Ministro não está a afectar os advogados, está a prejudicar a
população que precisa desse apoio (as pessoas, mesmo sem apoio judiciário,
se tiverem a necessidade de contratar um advogado terão de o fazer. O que o
Ministro pretende é que as pessoas com menos recursos não acedam à justiça).

Mas como este governo socialista governa numa nuvem de poeira, tentando
enganar as pessoas, faz passar a coisa como um ataque aos advogados, esse
"grupo de sanguessugas" de quem toda a gente imagina ter pelo menos uma
razão de queixa.

E a população - cega pela poeira - e a comunicação social - cega não sei
porquê - embarcam nesta estupidez e são uma vez mais enroladas pelo governo.

Para finalizar, o que a Ordem dos Advogados devia dizer a este Ministro da
Justiça (e assim concluir definitivamente qualquer tipo de diálogo com ele)
era para ele acabar de vez com o apoio judiciário, assumir isso perante o
país e deixar-se de tretas.É que a nós não nos enrola nem dependemos dele».

Sem comentários:

Enviar um comentário