sábado, janeiro 14, 2006

A gravidade da crise nacional


Sem qualquer outra desnecessária explicação para além da corrupção e manifesta incompetência dos dirigentes, a conjuntura nacional aproxima-se, na evidência pública que os indicadores económicos filtrados não conseguem tapar, da situação económico-social de 1976 e 1983.
A crise económica é muito mais grave do que a crise financeira aparente. São hoje raros os sectores competitivos portugueses no plano internacional. Calçado, têxteis, malhas, cerâmica, vidro, marroquinaria e outros tradicionais estão em liquidação. Não se constituem alternativas práticas válidas para a obsolescência tecnológica e industrial do País.
Todos os dias se anuncia o encerramento, despedimento colectivo e salários em atraso em empresas. As multinacionais deslocalizam a sua actividade para países de mão-de-obra mais barata e maior instrução, terminado o ciclo previsível dos subsídios e a contrapartida do período aceitável de estabelecimento em Portugal. No sector público, nomeadamente no ensino, o desemprego alastra silenciosamente com a complacência de sindicatos, partidos e organizações da sociedade civil. O futuro parece a todos mais negro do que o sombrio presente.Ao lado, a Espanha anuncia superavit orçamental.
Vale-nos, na quota diminuta que a dor da partida e o risco da aventura consentem, a emigração que é agora mais fácil do que na altura das crises económico-financeiras anteriores.Rilham os dentes do povo, enquanto o folcore do sistema político-mediático corrupto continua impávido, mesmo se já perdeu a serenidade.
por Antonio Balbino Caldeira

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