domingo, janeiro 08, 2006

«Poder político e judicial é cúmplice dos incendiários»


Acusa Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários. Declaração foi feita, em Fátima, durante uma homenagem aos colegas que perderam a vida nos incêndios de 2005

A Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários (APBV) acusou hoje os responsáveis políticos e judiciais de serem cúmplices dos incendiários na destruição das florestas portuguesas.


Durante a cerimónia de hoje em Fátima para homenagear os 13 bombeiros que morreram durante a época de combate aos fogos, Paulo Jesus, um dos fundadores da APBV, apontam a falta de empenho dos políticos e dos responsáveis judiciais como factores que facilitam o aumento de fogos.

"Se criminosos são os que incendeiam, cúmplices são os que criaram ou mantêm condições para que isso suceda", ou seja todos os que "tiveram responsabilidades governamentais, judiciais e em diversos organismos", afirmou Paulo Jesus, numa intervenção aplaudida pelos sócios que compareceram na cerimónia.

O desinvestimento nas Direcções de Florestas, o desordenamento na floresta (mesmo a que já ardeu recentemente), a falta de limpeza das matas ou os meios reduzidos foram alguns dos exemplos de más políticas seguidas em Portugal na opinião da APBV.

Por outro lado, "os que não aceitaram a pena máxima para os incendiários" e os que permitem a libertação dos suspeitos são também responsabilizados por este estado de coisas.

"Se há incêndios, há incendiários e há causas que possibilitam e até facilitam a sua acção", acusou Paulo Jesus.

Na sua opinião, "os responsáveis pela destruição da floresta portuguesa podem ser identificados, e deveriam sê-lo, para que a culpa não continue solteira em Portugal".

"A sua incompetência e negligência são tais, que a conivência com o crime é por demais evidente", acusou, lamentando que esses elementos não se sentem no "banco dos réus, respondendo quer pela destruição de bens e morte de pessoas quer pelo ataque ao património do Estado".

Para a APBV, a falta de investimento na protecção das florestas está a custar muito ao país quer em perda de património quer no aumento da desertificação do interior.

Por isso, um investimento substancial no ordenamento florestal e na prevenção de fogos iria ser benéfico para as contas públicas a curto-prazo, acrescentou Paulo Jesus
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