domingo, julho 23, 2006

Suborno de 4500 euros para fugir à tropa


2006/07/23 11:33

Rede criminosa integrava médicos e militares do Hospital Militar do Porto

Uma rede criminosa, que integrava médicos e militares do Hospital Militar do Porto e centros de inspecções, terá livrado centenas de indivíduos do extinto serviço militar obrigatório, durante vários anos, noticia este domingo o Jornal de Notícias (JN).
Segundo o JN, os arguidos, já acusados pelo Ministério Público por actos de corrupção, falsificação e associação criminosa, cometidos entre 2001 e 2003, angariavam mancebos interessados em escapar à tropa, aos quais cobravam um suborno de entre 1250 e 4500 euros.
O «cérebro» da operação seria um sargento de 50 anos, que prestava serviço nas inspecções médicas do Centro de Classificação e Selecção do Porto.
Os seus principais colaboradores seriam outros militares, responsáveis pela ligação aos recrutas interessados, e um médico psiquiatra.
Ainda segundo o jornal, entre os métodos mais utilizados estava alegar durante as inspecções problemas de ouvidos, nariz e boca, como sinusite.
Estes não eram averiguados, bastando aos recrutas declarar que tomavam medicação específica, cujo nome era facultado pelos membros da rede.
O outro «truques» seria alegar problemas psiquiátricos, como atraso mental, que o psiquiatra membro da rede ajudaria a «diagnosticar».
Caso os indivíduos tivessem sido declarados aptos, entraria em funcionamento uma rede «secundária», cujo responsável era outro sargento, com contactos «ao mais alto nível», inclusivamente noutros hospitais militares do centro do país e em Lisboa, adianta o JN.
Os recrutas ou mancebos declaravam-se toxicodependentes e, levados a junta médica, misturavam químicos nas amostras de urina recolhidas, que faziam com que fossem detectados vestígios de cocaína e heroína.
Com este esquema, os líderes da rede chegavam a facturar 500 euros por semana, cada um.
As investigações conduziram ao arresto de contas bancárias com mais de 220 mil euros e à apreensão de quatro automóveis, por suspeitas de terem sido adquiridos com o proveito dos subornos.
A um padre de Ponte de Lima, que participava na angariação de mancebos, foi apreendido um automóvel Audi A3.
O processo encontra-se em fase de instrução no Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
Daí, poderá transitar para julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Apenso ao processo estão escutas telefónicas realizadas aos dois referidos sargentos, vigilâncias da Polícia Judiciária e documentos presumivelmente forjados, que foram apreendidos aos arguidos.
De 200 indivíduos constituídos arguidos ao longo da investigação, foi deduzida acusação contra 65.
Destes, 12 são militares ou médicos ligados ao Hospital Militar do Porto e ao centro de inspecções médicas.

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