segunda-feira, janeiro 22, 2007

Apito Dourado...

O depoimento de Carolina Salgado foi determinante para a reabertura do processo referente ao encontro FC Porto-E. Amadora da temporada 2003/04, que foi arbitrado pelo eborense Jacinto Paixão, a 24 de Janeiro de 2004.
A ex-companheira de Pinto da Costa venceu o primeiro round do combate com Jorge Nuno.Depreende-se do conteúdo do despacho de reabertura do processo, assinado pela Procuradora-Geral Adjunta, Maria José Morgado, que o depoimento da antiga companheira de Pinto da Costa, a 9 de Janeiro último, foi preponderante. No entanto, nunca se refere directamente ao nome da testemunha… ”Como já vimos, a prova testemunhal superveniente, cuja certidão foi junta aos autos, afigura-se-nos substancialmente esclarecedora da principal dúvida indiciária determinante do arquivamento”, pode ler-se no ponto IV do despacho a que o Sportugal teve acesso.
E a "dúvida" incide, essencialmente, na relação entre os alegados serviços de prostituição e a indiciada corrupção da arbitragem do referido jogo. A dado passo do despacho assinado por Maria José Morgado fica-se sem dúvidas sobre a seriedade e credibilidade conferidas ao testemunho de Carolina Salgado. ”A relação directa deste depoimento com o tema da prova nos autos, atribui-lhe um carácter sólido, ou pelo menos suficientemente sólido, obrigando à necessária invalidação da fundamentação do arquivamento, repetimos.”Argumentos e indícios repetidos…
O despacho demonstra o esforço de Morgado para não beliscar quem conduziu o processo anteriormente. Contudo, a magistrada volta a referir componentes importantes do denominado caso “Apito Dourado”: "O propósito de cada um dos arguidos, por todos aceite e conhecido, seria o de beneficiar indevidamente a equipa do FC Porto, na competição que veio a disputar-se naquele dia.
O propósito de beneficiar um clube, através da violação das leis do jogo, a troco de contrapartidas, preenche os elementos do crime, independentemente do resultado do jogo."Maria José Morgado explica: "Os factos, a indiciarem-se suficientemente, teriam sido susceptíveis de fundamentar a acusação por co-autoria do crime de corrupção desportiva activa (...) contra os arguidos Pinto da Costa, António Araújo, Luís Lameira e Reinaldo Teles; e a prática em co-autoria do crime de corrupção desportiva passiva (...) contra os arguidos Jacinto Paixão, José Chilrito e Manuel Quadrado."Carolina vence 1.º round…
No seu livro, Carolina Salgado já referira a grande proximidade do presidente dos dragões com alguns homens do apito. “Os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte eram visitas de nossa casa, sempre trazidos pelo António Araújo. Por ser muito cuidadoso, Jorge Nuno nunca falou com um árbitro ao telefone, nem precisava de o fazer, visto que eles iam lá a casa para confraternizar.”A reabertura deste processo acaba por representar uma primeira vitória da antiga companheira de Pinto da Costa, que se propôs ao combate publicamente com a publicação, a 8 de Dezembro passado, de “Eu, Carolina”.
Muitos tentaram retirar importância às revelações mais picantes para o mundo do futebol português, mas, para já, Carolina Salgado conseguiu, com o seu testemunho, provocar a reabertura do processo, que havia sido arquivado em Abril de 2006.Por sinal, Carolina nunca referiu no seu livro o nome do ex-árbitro Jacinto Paixão (retirou-se da arbitragem já depois do início do processo...). Referiu outros nomes conhecidos do futebol e suas interligações; tanto no livro como na inquirição... Fontes do Sportugal garantem que muitos ficaram com mais motivos para não dormirem descansados depois de 9 de Janeiro.
Bruno Pires/ Luís Filipe

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