Alípio Ribeiro: Desaparecimento de quase 94 mil euros apreendidos gera confusão nas chefias da JudiciáriaHá quem “arregace as mangas, corra riscos de vida, enfrente o crime de forma energética” e há os outros: “Políticos da retórica. Mais hábeis na insinuação e intriga de corredores”, diz ao CM José Braz, director nacional adjunto da Polícia Judiciária.
“Querem pôr em causa todo o combate” ao tráfico pela suspeita de 21 inspectores terem ficado com dinheiro da droga. E estalou a guerra entre os “dois modelos de polícia”.O responsável pela Direcção Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes (DCITE) está contra a nova Lei Orgânica da PJ, imposta pelo director nacional, procurador Alípio Ribeiro, que passa por reduzir competências à DCITE.
José Braz recusa adiantar o rosto de quem faz “carreira de gabinete”, com “grande injustiça e desrespeito pelos que andam na rua”. Mas o CM sabe que, em causa, está a determinação de Alípio Ribeiro em limitar o departamento da avenida Duque de Loulé, Lisboa, ao combate ao tráfico internacional. E tudo o resto, pequeno e médio tráfico entre portas, passa para unidades criadas em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro.
“De um lado está a obra, do outro a retórica”, lamenta José Braz, sem querer “personalizar” o alvo. Mas atira aos “polícias de gabinete, com carreiras sem sobressaltos, que não convivem com a diferença nem suportam o sucesso alheio. Dos que constroem obra”
O líder da DCITE não quer afinal entrar em ataques “a ninguém”, fala apenas para se defender. “Até porque não foi da minha competência a colocação”, há oito meses, de Ana Paula Matos na 2.ª secção da DCITE, a inspectora-coordenadora a ser investigada pelo desvio de 93 935 euros apreendidos em duas operações de combate ao tráfico em Lisboa.“O dinheiro apreendido está fotografado, escriturado, mas não foi entregue nos cofres. Alguém ficou com ele.”
E esse alguém passa por 21 inspectores da 2.ª secção, entre os quais três inspectores-chefe e a coordenadora, responsáveis pelo combate ao grande tráfico internacional aéreo.Os desvios foram feitos entre duas buscas domiciliárias na área de Lisboa.
Na primeira, a 18 de Outubro, foram roubados 7450 euros; na segunda, um mês depois, 86 485 euros. Estas notas, de 20 e 50 euros, faziam parte de lotes mais elevados, onde havia também dinheiro estrangeiro, moeda de um país africano.A coordenadora é a principal suspeita e já foi afastada (ver página ao lado). José Braz só pede rapidez na investigação. “Estamos perante um bloqueio insustentável. Tenho uma secção sob suspeita e a trabalhar regularmente. Ambiente péssimo.”
Ana Paula Matos, 51 anos, é inspectora-coordenadora “com história na Polícia Judiciária”, garantem várias fontes policiais contactadas pelo CM. “Trabalha 16 horas por dia e a PJ corre-lhe no sangue”, empenhada em resolver “os problemas na ânsia de resultados”.
Todos a descrevem como uma “óptima polícia”.São conhecidas as suas guerras com outros inspectores. “É da velha escola, dura. E trabalha no arame com suspeitos e informadores, mas nunca o fez em proveito próprio.” A longa carreira, com 30 anos, destacou-se na investigação de roubos de miúdos a homossexuais no Parque Eduardo VII, entre 1998 e 1999.
No caso Casa Pia foi uma crítica da investigação de Rosa Mota e Dias André. As suas acusações chegaram ao tribunal. O antigo inspector-chefe acusou-a de envolvimento na tentativa de suborno a uma vítima, a pedido de um familiar de um arguido.Foi casada com um colega, Mário Carvalho, já falecido. Passou por suspeitas no caso que envolveu o roubo de um jipe BMW, no Parque das Nações, em Lisboa, e respondeu num processo de injúrias e agressões a um suspeito nas instalações da PJ.
Mas o caso acabou arquivado e conseguiu a promoção a coordenadora.
Por vezes “peca por algum exagero” mas bate recordes de detenções por onde passa. É um mito”. Começou na antiga 5.ª secção da PJ, furtos simples, e toda a carreira foi feita nos roubos, até aos “problemas disciplinares” a levarem à DCITE.
Sexta-feira foi afastada e colocada pela Direcção Nacional em cargo administrativo na directoria de Lisboa. É a principal suspeita no caso que está a manchar a PJ – o desvio de mais de 93 mil de euros apreendidos a traficantes.
Conhece a polícia por dentro e por fora, trabalhou anos no combate à droga, mas é afinal um cadastrado por tráfico. Telmo A. estava integrado numa brigada da DCITE e era um entre muitos inspectores. Até ao dia em que lhe assaltaram a casa, em Lisboa, e inocentemente apresentou queixa no piquete da PJ.
Foi inserido o seu nome no computador, como queixoso, mas afinal constava no sistema: tinha cadastro “por tráfico de droga em bairros do Porto”, adianta ao ‘CM’ fonte policial. O que é “gravíssimo”, comenta o responsável pela DCITE.
“Foi com perplexidade” que José Braz soube deste caso, que “nunca devia ter passado no recrutamento” da PJ. “Infelizmente esse inspector continua no activo [noutras funções] porque não há mecanismos administrativos para o afastar...”, lamenta o líder da DCITE.
O mesmo inspector é suspeito de ter instalado há meses uma câmara na casa de banho das senhoras, na DCITE. Foi aberto um inquérito, mas José Braz ainda aguarda que lhe entreguem as conclusões. "
“Lamentamos esta situação que mancha o nome da instituição e envergonha as pessoas que trabalham na Polícia Judiciária”, afirmou Carlos Anjos, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC/PJ). Aquele responsável acrescentou que o único motivo de satisfação é ter sido a própria PJ a detectar a irregularidade, o que significa que “os sistemas de controlo interno funcionam”.
“O processo está a decorrer no departamento anticorrupção e esperamos resultados o mais rapidamente possível e que os culpados sejam punidos”, acrescentou o presidente da ASFIC/PJ.
Ana Paula Matos tinha acabado de chegar à DCITE, como coordenadora, quando se deu o primeiro desfalque numa operação13.
A DCITE apreendeu, no ano passado, mais de 12 milhões de euros em dinheiro da droga e 1,3 milhões em moeda estrangeira
A PJ soma recordes em apreensões de droga: 34,5 toneladas de cocaína, 8,5 de haxixe e 140 quilos de heroína, no ano passado.
Henrique Machado/ A.L.N./H.M.
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=249356&idselect=9&idCanal=9&p=200
Ó meu Amigo...
ResponderEliminarEntão?!...
Compreende agora porque é que algumas folhas "desapareceram" de processos importantes?!
Comprende agora porque é que "depoimentos" importantes não chegaram a ser... dactilografados?!
Compreende agora porque é que só os "desgraçadinhos-da-Silva" vão parar ao xilindró?!
E por hoje chega. ...
I WEAR MY HATE LIKE A BADGE AGAINST AUTHORITY =))))))))))))
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