terça-feira, maio 23, 2006

LUTA DE PODER ENTRE A MAÇONARIA E IGREJA CATÓLICA (OPUS DEI)


maior parte dos bispos e dos padres portugueses tem esperança que, “apesar das ondas”, o Estado mantenha no seu Protocolo quer a Igreja Católica quer o Cardeal Patriarca de Lisboa que actualmente surge em 10.º lugar nas cadeiras do Protocolo.

Recordam, por um lado, que o Papa, para além de Pontífice da Igreja, é Chefe de Estado e, como tal, tem embaixador em Portugal (o Núncio Apostólico), que tem assento no Protocolo de Estado.Manifestam-se, por outro lado, convictos de que o Chefe de Estado vai chumbar o diploma que o PS quer aprovar no Parlamento.
“Boa parte do clero espera que o Presidente da República seja justo com a Igreja”, refere o cónego Narciso Fernandes, membro do Cabido da Catedral de Braga, em declarações ao CM.
Apesar de não o assumirem publicamente, alguns dos bispos já confidenciaram que, para além de acreditarem que Cavaco Silva não deixará passar esta lei, estão dispostos a escrever ao Presidente, pedindo-lhe que impeça “esta clara tentativa de secundarizar a Igreja”.
Apesar de não querer fazer comentários, o arcebispo emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, refere que “todo o clero sente que há uma intenção de tentar moer e ridicularizar as posições da Igreja”.
“Não admira que haja bispos e padres muito revoltados”, disse.Inquiridos pelo CM, mais de três dezenas de sacerdotes foram unânimes em considerar que “nos últimos tempos têm sido sistemáticos os ataques violentos à Igreja Católica em Portugal”.
Para o cónego Narciso Fernandes, “esta questão do Protocolo faz lembrar o caso dos crucifixos e tem como finalidade fundamental achincalhar e ferir a mais idónea instituição da nossa sociedade, que é a Igreja”.
Considera o cónego que “isto está integrado num ataque sem precedentes da Maçonaria à Igreja Católica”.Já o padre António Xavier, pároco de três freguesias urbanas no centro do País, diz que “as estruturas da Igreja têm sido algo brandas perante os ataques de que têm sido alvo”.
“O que os governantes e outros políticos mereciam era que, quando viessem a uma cerimónia religiosa, fossem colocados no meio do povo, em vez de se sentarem nos principais lugares do templo, como agora acontece”, referiu o sacerdote.
No entanto, todos os párocos e capelães dizem que vão actuar como sempre, destacando as principais figuras do Estado, “porque a Igreja é bem-educada e não é, nem pode ser, uma instituição vingativa”.
'ISTO TEM MÃO DA MAÇONARIA'
“Isto tem mão da Maçonaria”.
O cónego Narciso Fernandes não tem dúvidas de que há um “ataque concertado da Maçonaria às principais instituições sociais, nomeadamente à Igreja Católica”.
Diz este membro do Cabido da Sé de Braga que já aconteceu a mesma coisa com o caso dos crucifixos. “Só havia 12 e uma associação de dez pessoas, chamada República e Laicidade, fez a barulheira que se sabe”. O cónego Narciso Fernandes diz que “o povo percebe muito bem estas coisas” e assegura que alguns dirigentes do PS vão aperceber-se que estão divorciados da maioria das suas bases”. De resto, afirma que “a Igreja não pode vergar-se à ditadura das minorias”.
CRUCIFIXOS LONGE DAS ESCOLA
SPerplexa e indignada. Foi assim que a generalidade da Igreja Católica ficou, em Novembro, perante a atitude do Ministério da Educação em mandar retirar os crucifixos das escolas públicas. Os bispos portugueses deram a cara por considerarem que “a matriz cultural do povo português” estaria a ser desrespeitada.
A tutela justificou a machadada nos símbolos religiosos cristãos com o cumprimento das orientações consagradas na Constituição. As implicações da decisão do Governo fizeram-se sobretudo sentir a Norte, onde estão mais enraizadas as tradições religiosas. Autarcas e pais estiveram ao lado da Igreja para sublinhar que o símbolo do cristianismo “não exclui nem desvaloriza” qualquer pessoa de outra crença. “Também vão ser proibidas festas de Natal?”, perguntavam.
BISPOS PREFEREM DESVALORIZAR O CASO
Os bispos portugueses não mostram grande vontade de comentar as alterações que o PS quer introduzir no Protocolo de Estado, mesmo perdendo o lugar de destaque. E quando tecem um comentário sobre o assunto é sempre no sentido de o desvalorizar, dizendo que “até é um fardo que sai das costas dos prelados”. No entanto, nem todos aceitam as alterações previstas de forma pacífica.
D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, disse esta semana que, “nesta como noutras matérias, o bom senso acabará por imperar”, mas acrescentou que, “sempre que a Igreja vir que, em qualquer cerimónia para que seja convidada, os seus dignatários não são respeitados, não participará nela”. E D. Carlos Azevedo foi mais longe, ao considerar que a Igreja devia ter sido ouvida nesta questão do Protocolo, até porque é uma das principais visadas.
Sobre a matéria pronunciaram-se também o bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, e o bispo emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva. Ambos consideraram que se trata de “um assunto ao qual não deve ser dada relevante importância”.
QUESTÕES A RESOLVER CONCORDATA
A Igreja Católica tem, em Portugal, uma importância incomparável às das restantes religiões. Noventa por cento dos portugueses são católicos e, historicamente, o nosso país é católico. Para além disso, o Estado tem um acordo (Concordata) com o Vaticano que ainda recentemente foi revisto.
CADEIRA AO LADO
É prática, na esmagadora maioria das cerimónias oficiais, existir uma mesa e, ao lado esquerdo (a ver da assistência) uma cadeira destacada, que é onde vai sentar-se o cardeal, um bispo ou, como em muitos casos acontece, o vigário geral da diocese ou o arcipreste da zona. Com a nova lei, acaba a cadeira ao lado?
FUNERAIS DE ESTADO
Falta saber como é que vai ser resolvida a questão dos chamados funerais de Estado. Aí, vigora o Protocolo da Igreja ou o Protocolo de Estado? As altas figuras que marcarem presença nas cerimónias fúnebres de um antigo primeiro-ministro, por exemplo, têm lugar de destaque na igreja ou misturam-se com os restantes fiéis?
VISITAS DO PAPA
As visitas papais são outro problema que o chamado Protocolo de Estado tem de resolver. Tratando-se de um chefe de Estado é recebido como tal. E o Cardeal Patriarca recebe o Santo Padre ao lado do Presidente da República ou é colocado entre a multidão?
PROCISSÕES
É prática, sobretudo nas chamadas festas concelhias, os autarcas e outras figuras concelhias integrarem a procissão do santo padroeiro, quase sempre atrás do palio e obedecendo a uma espécie de ordem hierárquica. Vai continuar a ser assim ou não sai a procissão?
CONFISSÕES COM LUGAR
Além da Igreja Católica, algumas das mais representativas religiões presentes em Portugal são também incluídas em determinadas cerimónias oficiais. Entre estas estão as cristãs evangélicas, os ismaelitas, sunitas e a comunidade judaica. Segundo os especialistas, tudo depende das cerimónias em questão e do local onde se realizam, isto é, num grande centro urbano ou numa pequena cidade do Interior onde as confissões não têm qualquer representatividade.
in: http://www.correiodamanha.pt/ for Secundino Cunha, Braga/D.R. /S.C.
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