quinta-feira, junho 14, 2007

DREN «protege e estimula bufaria»

DREN «protege e estimula bufaria»
2007/06/14 | 16:12 || Luísa Melo
Charrua é acusado de dizer «somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um f...». Garante que não disse e tem testemunhas. O «comentário menos educado passou-se noutro dia». Directora é «desonesta»

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O professor Fernando Charrua recebeu esta quinta-feira a nota de culpa e ficou a saber que é acusado de ter proferido, «de forma perfeitamente audível», e nas instalações da Direcção Regional de Educação do Norte, a frase «somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um f... da p...». Diz ainda a acusação, que a situação «ocorreu no dia 19 de Abril, cerca das 13 e 30 horas». Charrua desmente tudo e diz que tem testemunhas.

Conforme está escrito na nota de culpa, a que o PortugalDiário teve acesso, o instrutor do processo, José Paulo Pereira, considera que o «arguido apelidou, com um sentido depreciativo e injurioso, o primeiro ministro, Eng. José Sócrates, de «f... da p...».

Perante o conteúdo da nota de culpa, e por o desfecho do processo disciplinar se ter traduzido numa acusação sem sequer ter sido ouvido, Fernando Charrua, em conversa com os jornalistas, classificou a queixa de «ridícula» e «inacreditável». Mas disse mais: «É esta vergonha desta queixa, esta delação, esta bufaria que a senhora directora regional protege, agradece e estimula».

Ainda assim, este professor adianta que as «testemunhas dizem coisas absolutamente diferentes pelo que as hipóteses de defesa serão mais do que muitas». Para além disso, explica, querem provar um insulto, «que é falso».

Mas houve ou não algum comentário menos próprio? Charrua esclarece: «O insulto, a haver, passou-se no dia 20 e não no dia 19 de Abril». A directora regional «transportou uma conversa num restaurante para outro dia. E isto é da maior desonestidade que um dirigente do Ministério da Educação pode ter», acusa. «O comentário menos educado», reconhece, «passou-se sim num restaurante, com a mesma pessoa com quem almocei nos dois dias».

O professor não diz qual foi o «comentário menos educado», mas, numa nota distribuída à comunicação social, acusa: «Já não só há delatores na DREN, como já se colocam informadores nos restaurantes para ouvir as conversas de funcionários».

Da acusação consta ainda que Charrua «demonstrou grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres gerais de lealdade e correcção». Um argumento que o professor classifica como «inacreditável», pois «um assunto que não é de serviço deu uma pena de suspensão, que é uma pena gravíssima».

Sobre a entrevista que a directora regional deu ao Diário de Notícias, em que diz estar a ser alvo de perseguição política, Charrua responde: «Mas então ela faz-me tudo isto sem me ouvir e ela é que é perseguida???? Eu é que tenho a certeza de estar a ser perseguido».

O professor de inglês, numa nota distribuída aos jornalistas, diz ainda ter provas de que a directora regional, Margarida Moreira, «teve interferência e intervenção na fase de instrução do processo disciplinar, o que é manifestamente ilegal» e «abusivo». Isto só reforça, acrescenta, «a perseguição de que tenho vindo a ser alvo na DREN».

Charrua está convencido de que, «custe o que custar, tenho de ser punido e saneado porque sou um elemento incómodo para a senhora directora regional e, também, pelos vistos, para o Governo».

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