quarta-feira, julho 25, 2007

Era uma vez no PSD...



Opinião: destruir a natureza de um partido para assegurar um emprego

[Artigo de opinião enviado por João Mota Lopes, deputado municipal de Lisboa eleito pelo PSD]
«O Conselho Nacional (CN) decidiu. Teremos eleições directas a 28 de Setembro de acordo com a vontade (e necessidade) do seu actual líder. Está decidido mesmo contra a vontade da Presidente de Mesa do Congresso.
Mas o PSD vive actualmente um momento ímpar. Ennio Morricone não teria dificuldade em realizar uma banda sonora que descrevesse o drama do PSD.
A verdade é que o meu estado de espírito não deve ser diferente do de muitos outros militantes do PSD. Triste por ver um partido adiado.
Ontem (no CN) tivemos a oportunidade de mudar muita coisa.
De apostar no futuro, de iniciar um processo mobilizador, de unirmos esforços e sermos abrangentes, mas tivemos como resultado a perda duma aposta que o PSD não podia perder.
A verdade é que um lugar certo de deputado em 2009 vale mais do que apostar num projecto de governo para o País.
Qualquer lugar de comissão política vale mais do que o respeito das pessoas da rua.
É melhor ir numa lista num qualquer lugar para a vereação do que ganhar a câmara.
Pelo menos é assim que pensam os actuais dirigentes do PSD. Como é possível tamanha falta de visão deste pequeno grupo sectário?
Como é possível que tantos militantes queiram participar activamente na escolha do líder, seja ele qual for, e que este pequeno acto de participação não seja concedido?
Como é possível que os mortos apareçam com quotas pagas enquanto outros desesperam para poder obter um pin de modo a poder pagar a sua quota (como aconteceu para o acto eleitoral na Azambuja ainda ontem)?
Não sei para onde querem que o partido caminhe. Mas sei que o povo não gosta disto. Que os nossos militantes não gostam deste tipo de coisas.
O resultado está a vista em Lisboa... uns míseros 15% descrevem esse sentimento. Mas será que os nossos dirigentes não percebem que se as bases não estiverem confortáveis com a vivência no PSD não conseguem passar a mensagem de que somos alternativa?
Como pode um militante dizer a uma qualquer pessoa para votar no PSD se o próprio PSD não o deixa votar internamente?
Como se pode passar a mensagem se não temos o direito a ter voz própria?
Como podemos demonstrar que somos diferentes para melhor do PS se internamente prevalece sempre o aparelhismo e a batota? Será assim tão difícil de entender que deste modo não vamos a lado nenhum?
Já não tivemos exemplos que chegue?
Gostava que Dr. Menezes fosse candidato a líder do PSD. Que pudesse dizer de sua justiça para o PSD e para o país.
Mas parece que há quem tenha medo da pluralidade!
Todos perdemos caso exista só uma candidatura. Mas o PSD perde mais... perde a sua natureza.

Sem comentários:

Enviar um comentário