quarta-feira, dezembro 05, 2007

Morte de empresário pode envolver polícias

Morte de empresário pode envolver polícias

ANA MAFALDA INÁCIO e LICÍNIO LIMA

A investigação da morte de José Gonçalves, o dono do bar de striptease vitimado por uma bomba com elevado grau de sofisticação, poderá conduzir a grupos organizados de seguranças ilegais, e com práticas criminosas, integrados por elementos da Polícia de Segurança Pública, da GNR e até da Polícia Judiciária (PJ), apurou o DN junto de fonte policial. Trata-se de agentes que convivem com a profissão e com a mafia da noite.


A corrida ao mercado do divertimento nocturno por parte de grupos que dizem prestar serviços de segurança em bares e discotecas, é, para já, uma das pistas consistentes para se tentar perceber o contornos do atentado à bomba que vitimou José Gonçalves, um conhecido empresário da noite, de 65 anos, dono do bar de striptease "Avião", e do Cinebolso, uma sala de cinema que apenas exibe filmes pornográficos.


A investigação está a cargo da Direcção Central do Combate ao Banditismo (DCCB) da PJ e, segundo as fontes do DN, aquela pista poderá cruzar-se com a investigação desencadeada pela Divisão de Investigação Criminal da PSP no início de Novembro, denominada "Operação Polvo".


Antes desta operação, circulou pelas forças de segurança uma carta que denunciava a participação de elementos policiais, especialmente da PSP, em grupos mafiosos da noite que impunham aos empresários serviços de segurança, cobrando avenças.


A luta por "clientes" está na origem de sistemáticas cenas de pancadaria e até de algumas mortes. Estes grupos estão conotados com o tráfico de droga e de mulheres , lenocínio, extorsão, sequestro e extorsão.Alguns destes crimes são da competência da PJ. Mas a PSP avançou. "Cada qual investiga os seus", é o princípio.


Na PJ não gostaram. E deu-se a "Operação Polvo" que levou à detenção de vários indivíduos, um deles, Alfredo Morais, ex- operacional da PSP indiciado por 150 crimes, que também está ligado ao caso Passerelle. A "Operação Polvo", além de desmantelar as mafias, pretende, sobretudo, limpar as polícias de elementos que se dedicam ao crime.


"Trata-se de indivíduos que estão nos dois lados, usando os conhecimentos que lhes foram transmitidos" frisaram as fontes do DN. "Quem matou José Gonçalves sabia manusear uma bomba sofisticada, conhecida por Lapa", recordaram. Este crime foi discutido segunda-feira no Gabinete Coordenador de Segurança, e tal como confirmou ao DN o tenente-general Leonel Carvalho, a investigação vai continuar na PJ, sem necessidade de chamar o SIS (Serviço de Informações de Segurança).

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