terça-feira, setembro 15, 2009

«Quem se mete com o PS leva»...

«Quem se mete com o PS leva»...- ou o pernúncio da derrota
O folhetim da demissão de Manuel Pinho, com os contornos pitorescos que se conhecem, revela algumas circunstâncias que estão para além do acto em si. Isto, para além da boçalidade infantil do jesto que, per si, ilustra da “elevação” do fonesto protagonista...
Desde logo, é esclarecedor do desespero do governo perante o cerco social e político que concitou à sua volta. As figuras mais trauliteiras do PS, passada que foi a fase “Bambi” do primeiro-ministro [em contraposição à lógica do “animal feroz”] , têm-se adestrado em ataques mesquinhos a quem se lhes opõe, nomeadamente – e mais grave que o episódio dos “corninhos” de Pinho -, a forna ligeira e mal educada como Sócrates se dirigiu a Paulo Portas no “Estado da Nação”.
E convém referir que a procissão ainda vai no adro, porque quanto maior for o desespero pela previsível derrota nas próximas legislativas, mais o PS vai tirar do saco da baixeza argumentativa ferroadas contra as oposições.
Por outro lado, o coro de indignação institucional contra «a falta de respeito aos deputados» protagonizada por Manuel Pinho, assume as características de uma enorme hipocrisia. Ou já se esqueceram da arrogância e sobranceria com que Vitor Constâncio se dirigiu aos deputados na audição de inquérito ao BPN, sem que a presidente da comissão tenha feito qualquer reparo [bem pelo contrário, tratando-o sempre com patética subserviência]?
A lógica trauliteira tem sempre efeitos inversos aos pretendidos.
O «Quem se mete com o PS leva», alarveado por Jorge Coelho nos tempos de Guterres, traduziu-se na derrota socialista nas eleições que se seguiram.
Estas “fugas para a frente” são sempre mal vistas pelos portugueses que, por natureza, são avessos aos dichotes intempestivos dos políticos.
As características que o debate político revela são, por outro lado, indiciadoras de uma realidade mais profunda. É que as divergências entre os dois maiores partidos portugueses são, inquestionavelmente, de natureza circunstancial. Ou seja, em matéria de políticas e de visão estratégica para o país, não traduzem nenhum rumo distintivo, revelando [isso sim] um consenso alargado no que respeita ao modelo económico e à organização do Estado. E este consenso é a única garantia sistémica para a perpetuação de um regime que bateu no fundo.
À Direita e à Esquerda seria bom que se começasse a pensar [e organizar] o tempo novo que se irá impôr ao registo do óbito e à potrefacção do cadáver... Porque organizar tempo novo com os instrumentos do tempo velho, é receita que a História provou não resultar.
A alternativa nunca virá das velhíssimas Esquerdas e Direitas que, como se percebeu, estão atoladas no pântano da corrupção e do clientelismo.

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