quinta-feira, junho 21, 2007

Tomar: Ex-funcionária ameaça processar Estado por revelar e-mail privado enviado ao Governo


21 de Junho de 2007, 21:03
Tomar, Santarém, 21 Jun (Lusa) -


Uma ex-funcionária da Fábrica Mendes Godinho quer processar o Estado português, porque um e-mail privado que enviou a questionar um alegado perdão fiscal à empresa chegou a uma administrador, que a castigou.

De acordo com Alice Marques, na madrugada de 18 de Março enviou um e-mail no portal do Governo a questionar o facto de alegadamente ter sido perdoada uma dívida de 600 mil euros à empresa, que está em fase de liquidação.
"Os trabalhadores estavam a negociar as indemnizações e os despedimentos e foi nesse período que eu enviei o e-mail", explicou.

Dois dias depois, recebeu a indicação que o caso tinha sido encaminhado para a secretaria de Estado do Tesouro e das Finanças.

"Eu fiquei descansada e nem sequer pensei mais nisso", recorda a ex-funcionária.

No entanto, no dia 11 de Maio, a administradora da empresa, então propriedade da Parpública, mostrou-lhe o e-mail que havia enviado, acusando-a de "falta de lealdade", revelou Alice Marques, que se mostra indignada com a "quebra de confidencialidade" do correio electrónico.
"A doutora disse que eu tinha de ser penalizada e retirou 3.500 euros euros à minha indemnização, como castigo pela minha irreverência e pela minha ousadia", afirmou a ex-funcionária.

Depois de 22 anos a trabalhar na empresa, Alice Marques está desempregada e promete agora avançar com um processo judicial, para "requerer junto do tribunal o montante que é devido e pedir o ressarcimento ao Estado", porque "foi o Governo que levou a que não recebesse o valor que estava previsto".

Fonte da Direcção-Geral de Contribuições e Impostos explicou à agência Lusa que este tipo de denúncias pode suscitar investigações e que, em muitos casos, o e-mail é fornecido ao responsável dessa averiguação, nomeadamente nas situações em que são referidos pormenores técnicos.

No entanto, "não é normal" que o documento seja entregue a terceiros e, muito menos, aos responsáveis das empresas investigadas, acrescentou.

A agência Lusa tentou obter um comentário junto da administradora à data dos factos, mas tal não foi possível em tempo útil.
PJA.
Lusa/Fim

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